quarta-feira, 19 de maio de 2010

Matéria InFoco - 10 Mitos e Verdades sobre o cérebro / 5ª posição

5. O cérebro ainda funciona depois de uma decapitação


Em um momento na história, a decapitação era um dos métodos preferidos de execução, em parte graças à guilhotina. Embora muitos países que executam criminosos tenham acabado com este método, ele ainda é usado por certos governos, terroristas e outros. Não há nada mais final do que arrancar a cabeça de alguém. A guilhotina surgiu devido ao desejo de uma morte rápida e relativamente humana. Mas quão rápida ela é? Se sua cabeça fosse cortada fora, você ainda seria capaz de ver ou movê-la, mesmo que por alguns segundos?

Quanto tempo o cérebro reage depois de termos a cabeça decepada?Esse conceito apareceu pela primeira vez durante a revolução Francesa, período em que a guilhotina foi criada. Em julho de 1793, uma mulher chamadaCharlotte Corday foi executada pela guilhotina pelo assassinato de Jean-Paul Marat, jornalista radical, político e revolucionário. Marat era adorado por suas ideias, e a massa que esperava a guilhotina estava ansiosa para ver Corday pagar. Depois que a lâmina desceu e a cabeça de Corday caiu, um dos executores a pegou e deu um tapa em sua bochecha. De acordo com testemunhas, os olhos de Corday viraram e olharam para o homem, e seu rosto mudou para uma expressão de indignação. Depois desse incidente, pessoas executadas pela guilhotina durante a Revolução eram instadas a piscar na sequência, e testemunhas afirmaram que a piscada ocorria por até 30 segundos.
Outro conto frequentemente contado de demonstração de consciência seguindo a degola data de 1905. O médico francês Gabriel Beaurieux testemunhou a degola de um homem chamado Languille. Ele escreveu que imediatamente após a decapitação, "as pálpebras e os lábios... moveram-se em contrações rítmicas irregulares por cerca de cinco ou seis segundos". Beaurieux chamou o nome de Languille e disse que as pálpebras dele "abriram-se devagar, sem qualquer contração espasmódica" e que "suas pupilas se focaram" [fonte: Kershaw]. Isso aconteceu uma segunda vez, mas na terceira vez que Beaurieux chamou por Languille, não obteve resposta.
Essas histórias parecem dar credibilidade à ideia de que é possível para alguém permanecer consciente, mesmo que por alguns segundos, depois de ser decapitado. Contudo, os médicos mais modernos acreditam que as reações descritas  acima são, na verdade, movimentos reflexos dos músculos, em vez de movimento consciente e deliberado. Separado do coração (e, por consequência, do oxigênio), o cérebro imediatamente entra em coma e começa a morrer. De acordo com Harold Hillman, a consciência é "provavelmente perdida entre 2 e 3 segundos, devidos à rápida queda do bombeamento do sangue intracraniano [fonte: New Scientist].
Por isso, embora não seja inteiramente impossível para alguém ainda estar consciente depois de ter a cabeça cortada, não é provável. Hillman também aponta que a assim chamada guilhotina indolor é qualquer coisa menos isso. Ele declara que "a morte ocorre devido à separação do cérebro e da medula espinhal, depois da transecção dos tecidos que a cercam. Isso causa dor aguda e possivelmente severa". Essa é um das razões pelas quais a guilhotina, e a decapitação em geral, não é mais um método de execução aceito em muitos países com pena capital.
Esta, porém, não é a única forma de perder a cabeça. Ela pode ser danificada além do reparo. Vamos dar uma olhada na matéria de amanhã em quanto tempo um dano cerebral pode durar.

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