terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Um terço dos brasileiros deixa de procurar emprego por falta de qualificação

Mais de um terço dos brasileiros desempregados ou inativos sequer procura emprego, por considerar que não tem qualificação necessária para atuar no mercado de trabalho, segundo um estudo preparado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
A pesquisa entrevistou 2.770 pessoas em todas as regiões brasileiras. Foram realizadas 73 perguntas, sobre os aspectos de inserção no mundo do trabalho, a alguns grupos populacionais: inativos, desempregados, assalariados, trabalhadores por conta própria e pequenos empregadores.
Dentro do grupo dos inativos (que não trabalham e estão atrás de emprego), 37,7% disseram não ter procurado trabalho na última semana – e mesmo ao longo de sua vida – por causa da ausência de qualificação.
O resultado reflete problemas socioeconômicos do Brasil. Segundo o estudo, os desempregados que dão mais relevância à falta de qualificação como motivo para não trabalhar são das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste - 48,4%.
As mulheres (40,6%) também são maioria entre os que disseram não estar preparados para enfrentar o mercado, assim como os pretos, pardos e indígenas (42,4%).
A falta de estudos e cursos para trabalhar também são um problema entre 42,3% dos que ganham até R$ 1.080.
Outras pesquisas apresentadas no ano passado reforçam o levantamento do Ipea. O próprio instituto havia divulgado que nordestinos, negros e de baixa renda são as maiores vítimas da falta de estudos.
A OIT (Organização Internacional do Trabalho) mostrou que as mulheres brasileiras trabalham cinco horas semanais a mais do que os homens e ganham menos; já o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) confirmou que trabalhadores negros ocupam a maior parte dos postos de emprego de menor qualificação.
Horas extras
Considerando todo o universo de entrevistados, mais de um terço faz horas extras - trabalha além da jornada normal do emprego. O Ipea considera que as jornadas "atípicas" de trabalho são superiores a 44 horas por semana.

A quantidade de pessoas que fazem horas extras é alta tanto entre os trabalhadores informais (38,7%) quanto entre os formais (33,8%). De acordo com os pesquisadores, “esse sobretrabalho dos informais não é por eles encarado como a realização de horas extras, sendo percebido como parte integrante do tempo normal de seu trabalho”.

O instituto também percebeu que quem está na formalidadearrisca mais a vida e a saúde (37,2%) do que aqueles que trabalham sem registro (18%).
Menos da metade desses profissionais (43,2% e 13,8%, respectivamente) recebe adicional de insalubridade ou periculosidade.

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